É recente no
Brasil a disseminação da consciência sobre práticas inclusivas de desenho
universal.
Mesmo as
correntes de pensamento critico das ciências humanas até pouco tempo atrás
consideravam somente o aspecto econômico na discussão do problema da inclusão.
Sem sombra de dúvida este aspecto, pelo acesso ao trabalho e renda, por si mesmo já pode resolver parte considerável das questões de exclusão, tendo-se em conta
que a renda propicia o consumo - de bens e serviços - entre eles informação, tecnologia, educação, saúde. E estes favorecem a articulação do sujeito nos espaços sociais e políticos.
Embora associações e entidades representativas de pessoas portadoras de deficiência, juntamente com outros setores sociais sensíveis à questão, tenham reivindicado desde os anos 90 o reconhecimento aos direitos universais presentes na Constituição, foi somente em janeiro do ano passado, 2016, que a LBI entrou em vigor.
A lei de Cotas, de 1991 (lei 8.213/91), que exige cota de contratação de deficientes nas empresas, ainda hoje é amplamente desrespeitada.
Assim, evidencia-se a raiz cultural da discriminação, que associa direito de participação social e política a padrões e conceitos de (d)eficiência originados nos processos produtivos industriais.
As mudanças ocorridas no mundo do trabalho pelo uso intensivo da tecnologia e pela globalização, que alterou e multiplicou processos e hierarquias, criou também brechas para se pensar a alteridade dos sujeitos, ou os pólos a partir dos quais podem surgir novas idéias, projetos, construtos.
A noção de diversidade vai ganhando terreno, e o olhar torna-se mais sensível às variadas expressões do que sejam os processos cognitivos humanos, às múltiplas formas de gerar conhecimento e participar da cultura, num determinado meio social.
Algumas experiências de inclusão, em diferentes esferas sociais, são registradas.
Produções de e para deficientes, surgem na mídia. Tecnologias assistivas são absorvidas do exterior ou criadas no mercado interno.
Na educação escolar, começa- se a notar, principalmente após a LBI, um movimento mais intensivo pela consideração da diversidade nos processos formais de aprendizagem.
Dois projetos chamam a atenção, quer pelos objetivos propostos, quer pelos resultados já alcançados, sendo inspiradores de outras iniciativas.
Um deles, no nordeste brasileiro, idealizado pelo neurocientista Dr. Miguel Nicolelis, atuando desde 2007, conta com participação de pesquisadores internacionais da área de neurociências, promovendo atividades “nas áreas de educação, saúde materno-infantil, neurociências e neuroengenharia.”
Sem sombra de dúvida este aspecto, pelo acesso ao trabalho e renda, por si mesmo já pode resolver parte considerável das questões de exclusão, tendo-se em conta
que a renda propicia o consumo - de bens e serviços - entre eles informação, tecnologia, educação, saúde. E estes favorecem a articulação do sujeito nos espaços sociais e políticos.
Embora associações e entidades representativas de pessoas portadoras de deficiência, juntamente com outros setores sociais sensíveis à questão, tenham reivindicado desde os anos 90 o reconhecimento aos direitos universais presentes na Constituição, foi somente em janeiro do ano passado, 2016, que a LBI entrou em vigor.
A lei de Cotas, de 1991 (lei 8.213/91), que exige cota de contratação de deficientes nas empresas, ainda hoje é amplamente desrespeitada.
Assim, evidencia-se a raiz cultural da discriminação, que associa direito de participação social e política a padrões e conceitos de (d)eficiência originados nos processos produtivos industriais.
As mudanças ocorridas no mundo do trabalho pelo uso intensivo da tecnologia e pela globalização, que alterou e multiplicou processos e hierarquias, criou também brechas para se pensar a alteridade dos sujeitos, ou os pólos a partir dos quais podem surgir novas idéias, projetos, construtos.
A noção de diversidade vai ganhando terreno, e o olhar torna-se mais sensível às variadas expressões do que sejam os processos cognitivos humanos, às múltiplas formas de gerar conhecimento e participar da cultura, num determinado meio social.
Algumas experiências de inclusão, em diferentes esferas sociais, são registradas.
Produções de e para deficientes, surgem na mídia. Tecnologias assistivas são absorvidas do exterior ou criadas no mercado interno.
Na educação escolar, começa- se a notar, principalmente após a LBI, um movimento mais intensivo pela consideração da diversidade nos processos formais de aprendizagem.
Dois projetos chamam a atenção, quer pelos objetivos propostos, quer pelos resultados já alcançados, sendo inspiradores de outras iniciativas.
Um deles, no nordeste brasileiro, idealizado pelo neurocientista Dr. Miguel Nicolelis, atuando desde 2007, conta com participação de pesquisadores internacionais da área de neurociências, promovendo atividades “nas áreas de educação, saúde materno-infantil, neurociências e neuroengenharia.”
(acesso em 28/02/2017: http://www.institutosantosdumont.org.br )
(acesso em 28/02/2017: https://www.youtube.com/watch?v=oaLdHEO5DGI)
Possui atualmente 3 centros que desenvolvem oficinas “de educação científica no
contraturno do ensino regular, em áreas como ciência e tecnologia, biologia,
química, física, história, arte, robótica, comunicação e meio ambiente”, em
Natal/RN, Macaíba/RN e Serrinha/BA . Estes centros recebem alunos de escolas públicas,
cursando o segundo ciclo do ensino fundamental. São oferecidas 1.400 vagas.
Informa o site: “Os Centros de Educação Científica têm
como missão promover a Educação Cientifica para alunos do ensino fundamental II
da rede pública, a fim de oferecer e difundir o exercício da formação
cientifica que não está ao alcance de todos os setores da sociedade, e assim
contribuir no processo de inclusão social.”
“Além disso, visa à formação
continuada das equipes pedagógicas, realizada em reuniões semanais em cada
unidade e encontros mensais em que também participam educadores das escolas
públicas de referência dos alunos.”
(acesso em
28/02/2017: http://www.institutosantosdumont.org.br/centro-de-educacao-cientifica-escola-alfredo-j-monteverde/)
O projeto mantém também um Centro de
educação e pesquisa em saúde, “dedicada à formação, ao desenvolvimento e à
educação permanente de profissionais de saúde, atuando como serviço de
referência em saúde materno-infantil. O CEPS possui convênio firmado com a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) cujo objetivo é proporcionar
cenário de práticas para as atividades acadêmicas e estágio curricular
obrigatório aos estudantes de graduação e pós-graduação da UFRN. O Centro conta
ainda com uma equipe multidisciplinar de preceptores, na perspectiva da
educação e do trabalho interprofissional em saúde. Todos os serviços prestados
à população são oferecidos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2015 o
CEPS recebeu 253 estudantes de graduação, 13 estudantes de residência médica e
multiprofissional em saúde, 8 estudantes de pós-graduação stricto sensu e
realizou mais de 12 mil atendimentos em saúde materno-infantil”, segundo o
endereço de sítio supra citado.
Com objetivos científicos mais
avançados, está implementando uma universidade de estudos da interface cérebro-máquina.
São do site institucional as notícias destacadas abaixo, que dão conta de
algumas das atividades inclusivas do projeto:.
Ciência transmite música a deficientes auditivos
Levar música a pessoas surdas, por meio de estímulos táteis.
Esse é o objetivo principal do Projeto Auris, desenvolvido por uma equipe de
pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Na última
quarta-feira, 11/01, os coordenadores da iniciativa estiveram no Instituto
Internacional de Neurociências Edmond e Lilly Safra (IIN-ELS), em Macaíba-RN, para
apresentar o projeto aos alunos da Pós-graduação em Neuroengenharia e para
ampliar parcerias com a Instituição.
CEPS capacita enfermeiras de Macaíba sobre importância da
detecção precoce do Autismo
19/12/2016 Texto e imagens: Luiz Paulo Juttel / Ascom – ISD
CEPS capacita enfermeiras de Macaíba sobre importância da detecção
precoce do Autismo O Brasil possui cerca de 2 milhões de pessoas que
sofrem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). No mundo, essa estimativa
chega a 70 milhões. (...)
Outro projeto significativo para se
conhecer e absorver experiências é o desenvolvido no SENAI de Itu/SP, sob
orientação do prof. Helvécio
Siqueira de Oliveira. Atua em diferentes modalidades de ensino, incluindo
cursos integrados ensino médio e técnico, em parceria com o SESI. O porte do
projeto chama a atenção:
“Visando
atender a diversidade da demanda industrial nos municípios de Itu, Cabreúva,
Porto Feliz e Salto, constituintes de sua área de abrangência, atualmente a
escola dispõe de Cursos de Aprendizagem Industrial - CAI nas ocupações de
Almoxarife, Assistente Administrativo, Auxiliar Administrativo, Eletricista de
Manutenção Eletroeletrônica, Mecânico de Usinagem, Mecânico de Usinagem em
Máquinas Convencionais, Mecânico de Manutenção e Pedreiro Eclético.
“Nos municípios
de Cabreúva, Porto Feliz e Salto, a unidade atende a convênios assinados entre
o SENAI-SP e órgãos públicos ou entidades onde utiliza a infraestrutura local
para a realização de cursos de aprendizagem através do programa SENAI Escola de
Vida e Trabalho - EVT, nas ocupações de Almoxarife, Assistente Administrativo,
Costureiro de Máquinas Industriais, Eletricista Geral e Mecânico Geral.
“Tanto em Itu
como em Cabreúva, Porto Feliz e Salto são oferecidos cursos de Formação Inicial
Continuada - FIC nos períodos vespertino, noturno e aos sábados, com uma série
de programas estruturados em itinerários formativos que visam atender as
demandas de iniciação, qualificação, aperfeiçoamento e especialização de mão de
obra para as indústrias da região. Nessa mesma linha, a fim de atender
necessidades pontuais das empresas, podem ser desenvolvidos programas sob
medida, com especificações definidas exclusivamente.”
(acessado em 28/02/2017: https://itu.sp.senai.br/institucional/2871/0/historico)
Informa
o prof. Helvécio que em 1996, ingressaram em curso regular, através do
vestibular da Instituição, um grupo de 4 surdos. Sem especialização ou recursos
assistivos para atender à demanda, o professor iniciou estudos, reuniões e
debates, convidando entidades da cidade que trabalhavam com portadores de
deficiência, professores e famílias dos alunos envolvidos. Reuniões quinzenais
discutiam necessidades, propostas, experiências relatadas e outras vivenciadas
com os estudantes na sala. Aos poucos, foram criando processos e metodologias,
visando a permanência dos alunos. Os trabalhos surtiram resultados, espelhados
nos vestibulares seguintes, que passaram a receber inscrições numerosas de
PCDs, que buscavam na instituição uma formação e atendimento não encontrado em
outras escolas da cidade.
O
corpo diretivo resolveu então montar cursos preparatórios para portadores de
deficiências que tencionassem ingressar no SENAI Itu. Também, por iniciativa do
prof. Helvécio, os docentes que ingressam atualmente na unidade recebem no
início uma capacitação de um mês em metodologia inclusiva, na linha
desenvolvida na escola.
Curso de costura, alunos portadores de
deficiências.
(acesso 28/02/2017:
https://www.facebook.com/senai.itu/videos/vb.279554932089336/639548319423327/?type=2&theater)
Informa
o site, sobre estas diretrizes construídas ao longo de duas décadas:
“Pioneiramente,
a unidade realiza, desde 1996, o atendimento especializado a pessoas com
deficiência - PcDs física, visual, auditiva, intelectual ou múltipla,
desenvolvendo ações de inclusão destes nos programas de educação profissional
do SENAI e consequentemente no mercado de trabalho em atendimento aos decretos
3298/99 e 5296/04. Como suporte às necessidades das empresas para o cumprimento
dessa legislação, a unidade oferece serviços de assessoria em âmbito nacional.
Dentre essas ações, a unidade desenvolve metodologias de ensino, adaptação de
equipamentos, levantamentos estatísticos, análise e adequação de postos de
trabalho, sensibilização de funcionários e qualificação profissional de PcDs.”
(acesso
em 28/02/2017: https://itu.sp.senai.br/institucional/2871/0/historico)
Nas classes
atuais, o SENAI Itu trabalha com os alunos o desenvolvimento de projetos com
adaptações específicas, tecnologias assistivas, desenho universal, em grupos
dentro da sala, onde estão inseridos sempre alunos portadores de deficiências,
que vão informar, analisar criticamente, avaliar e contribuir para a excelência
dos resultados. O SENAI Itu tem recebido prêmios internacionais de design,
nesta categoria.
Os desafios são muitos, quando se inicia um trabalho em educação
inclusiva, mas podem ser enfrentados com compartilhamento de experiências,
dedicação, persistência e, sobretudo, abertura para o novo e muitas vezes
específico encontro de um canal de comunicação com o outro, no processo de
ensino-aprendizagem.